“Um dos piores governos para a Polícia Civil’, diz presidente do Sinpol após não convocação de CR

De acordo com ele, o estado precisa de pelo menos 500 policiais civis para suprir as necessidades básicas das delegacias
28/02/2025 28/02/2025 13:08 35 visualizações

O governo do Acre decidiu não convocar os 300 candidatos restantes do cadastro de reserva do concurso da Polícia Civil de 2017, mesmo diante de um déficit significativo de policiais no estado. A decisão foi criticada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Acre (Sinpol), que alerta para a precariedade do efetivo e os impactos negativos na segurança pública.

Além da falta de efetivo, os policiais civis enfrentam problemas salariais e de infraestrutura. Em 2018, o Acre estava entre os dez estados com as melhores remunerações para policiais civis. Hoje, ocupa a 23ª posição no ranking nacional. 

 

“A inflação corroeu os salários, e o governo não fez nada para corrigir isso. É um dos piores governos para a Polícia Civil na história do Acre”, afirma Diniz.

De acordo com Rafael Diniz, presidente do Sinpol, o estado precisa de pelo menos 500 policiais civis para suprir as necessidades básicas das delegacias.

 “Com esses 300 que estão no cadastro de reserva, nem conseguiríamos cobrir o déficit atual. Agora, o governo quer fazer um novo concurso, mas quando esses novos policiais vão estar atuando? Enquanto isso, a população fica desassistida”, questiona Diniz.

O concurso de 2017, que ainda está em vigor, já se arrasta há mais de oito anos. Diniz destacou que o governador Gladson Cameli havia se comprometido, em vídeos e documentos assinados durante suas campanhas eleitorais de 2018 e 2022, a convocar todos os aprovados no cadastro de reserva. No entanto, essa promessa não foi cumprida. 

“Os candidatos foram ludibriados. Criou-se uma expectativa de direito, e agora o governo simplesmente descarta a convocação”, afirma o sindicalista.

O déficit de policiais civis no Acre não é recente. De acordo com a legislação estadual de 2009, o efetivo mínimo deveria ser de 1.500 agentes. No entanto, atualmente, o estado conta com apenas cerca de 800 policiais, número insuficiente para atender a população, que já ultrapassa 1 milhão de habitantes. 

“A relação é por habitante, e estamos muito abaixo do mínimo necessário. Isso afeta diretamente a capacidade de investigação e apuração de crimes”, explica Diniz.

O Ministério Público do Acre (MPAC) também se manifestou sobre o assunto. Em uma notícia-crime de quase 20 páginas, o promotor de justiça Júlio César, de Sena Madureira, destacou a defasagem histórica no efetivo da Polícia Civil e recomendou a convocação imediata dos candidatos do cadastro de reserva. 

“O documento do MPAC corrobora tudo o que o sindicato vem denunciando há anos. É um resumo cirúrgico da situação”, afirmou Diniz.

Ele destaca que a falta de policiais civis já reflete no funcionamento das delegacias no estado. Em Brasileia, uma delegacia está fechada há mais de um ano devido a alagamentos, e não há previsão de reabertura. Em Epitaciolândia, uma única delegacia atende 50 mil pessoas, com estrutura precária e falta de pessoal.

 “Falta tudo: estrutura, efetivo, condições de trabalho. No interior, a situação é ainda mais crítica”, lamenta Diniz.

O presidente do Sinpol também destacou que a rotatividade de policiais civis é alta, com muitos profissionais migrando para outros estados ou deixando a carreira devido às más condições de trabalho. 

“A instituição está prestes a colapsar. Até 2025, vários policiais vão se aposentar, e não há renovação. Se não houver uma mudança urgente, a situação vai piorar”, alertou.

O governo do Acre anunciou a intenção de realizar um novo concurso para a Polícia Civil, mas, segundo Diniz, o processo pode levar até três anos para ser concluído, incluindo a formação dos novos agentes.

 “Enquanto isso, a segurança pública no estado continuará sofrendo. É uma decisão que desrespeita a população e os profissionais que estão na linha de frente”, critica.

Segundo Diniz, apesar das dificuldades, a Polícia Civil do Acre continua entregando resultados, com destaque na resolução de homicídios e outros crimes. No entanto, o sindicato alerta que a falta de investimento e o desrespeito à categoria podem comprometer o atendimento à população. 

“O governo se vangloria dos números, mas não dá as condições necessárias para que a polícia funcione adequadamente. A população precisa cobrar mais do governador”, conclui Diniz.

 

Fonte: AGAZETA.NET